Márcio B. S. disponível para download

Pessoal, estou disponibilizando aqui meus livros para download, para tal basta clicar nas imagens ou nomes abaixo. Não há nenhum problema quanto ao uso ou distribuição dos livros, apenas peço que respeitem a autoria das poesias, citando o nome do autor, no caso eu, ao falarem, divulgarem ou utilizarem as poesias nele contida de qualquer forma. Respeitem também os direitos autorais! Não é permitida nenhuma forma de lucro com estes livros sem o consentimento do autor. Bom, é isso! Então, boa leitura!













Ao Mundo Inverossímil (2007-2009)

Márcio B. S.

História para seu filho não dormir: "O menino do peixe"

Nos filmes, nos desenhos animados, nas histórias em quadrinho, a maçã é o presente que os alunos dão aos seus professores. Comigo era diferente, dava peixes. Naquela época meu pai costumava ir para o mar para praticar caça submarina e sempre voltava para casa com muitos peixes. Peixões, mesmo: robalo, badejo e outros peixes grandes. A professora agraciada era a Yara. Hoje, refletindo, percebo que, coincidentemente, Yara é nome de sereia. Tudo a ver com peixe!

A turma era da quarta-série. Era muito comum naquela época fazermos trabalhos inspirados em datas comemorativas, como Páscoa, Inconfidência Mineira, Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia do Índio etc.

Estávamos, então, próximos ao dia 1º de maio, Dia do Trabalho. A professora Yara sugeriu que cada aluno fizesse uma pesquisa e montasse um cartaz inspirado nessa data. Como sempre, quando anunciada a atividade, a classe virava um burburinho só. Todo mundo falando sobre as suas idéias de trabalho ou se lamentando por achar que a atividade seria uma missão quase impossível. Eu me enquadrava na segunda situação. Porém, tímido como sempre fui, fiquei quieto, pensativo e achando que não seria capaz de realizar a atividade. Ainda mais porque o trabalho era para ser entregue na próxima semana, portanto, sábado e domingo eram os dias que tinha para realizar a atividade.

Passei o final de semana folheando revistas velhas à procura de imagens e textos que fossem úteis para a confecção do meu trabalho. Encontrei algumas fotos de homens com capacete de operário, de terno e gravata, com óculos de segurança e outras do tipo. Legal! representavam o trabalho, mas além de imagens eu tinha que escrever algo sobre o dia do trabalho ou, mesmo, sobre o trabalho. Porém, o que escrever?

Continuei folheando as revistas em busca de inspiração até me deparar com uma foto de capa que me chamou a atenção. Um rapaz bem magro, parecia muito fraco, estava sentado numa cadeira de rodas e levava um sorriso no rosto. A legenda da foto dizia “O físico inglês Stephen Hawking”.

“Físico”, palavra que correspondia a profissão. Encontrei um trabalhador com uma profissão bem diferente dos outros que havia antes encontrado e, que além de tudo, era um exemplo de superação: mesmo imóvel numa cadeira de rodas era capaz de sorrir e trabalhar. Realmente, tinha encontrado a foto do meu cartaz.

Ouvi, vindo da TV do quarto dos meus pais, aquela musiquinha do Cansástico indicando o final do domingo. Meu tempo tinha se esgotado.

Tinha a foto, mas ainda não tinha nada escrito sobre o dia do trabalho. Resolvi então deixar a cartolina de lado e colei a foto com a legenda numa folha de canson, que era bem menor, otimizando o espaço, e escrevi no topo “1° de maio – Dia do Trabalho”.

Dias depois, a professora foi chamando aluno por aluno para fazer a devolução dos trabalhos. Já estava preocupado pelo fato do meu cartaz ser o único feito em canson, o único a ter apenas uma foto, o único a não ter nenhum texto sobre o Dia do Trabalho e ainda a professora chamou a todos menos a mim. Ela foi a frente da classe e começou a falar.

- Os cartazes dessa turma foram muito bons, mas temos um que...

Enquanto ela falava, um frio percorria toda a minha espinha, minhas pernas tremiam, os cantos da minha boca repuxavam para baixo num sinal de que iria começar a chorar. Queria desaparecer da sala, com medo da repreensão.

- ...e mostrou que não existem barreiras para o ser humano quando existe a vontade de vencer.

O frio na espinha deu lugar ao alívio, uma sensação quase orgástica ao ouvi-la dando-me os parabéns.

Alguns anos mais tarde, estava no ponto esperando um ônibus para ir ao trabalho e reconheci uma senhora baixinha, de cabelos grisalhos e encaracolados, em pé logo a minha frente. Era a professora Yara. A primeira imagem que resgatei na memória quando a vi foi a do Dia do Trabalho.

Aproximei-me e a cumprimentei. Ela ficou alguns segundos olhando para o meu rosto tentando se lembrar quem eu era e eu, sem falar, esperando que ela se lembrasse.

- Você é o menino do peixe!

"Primavera Diferente" - O Grosso da Bossa

Reclusão, encontros, algumas horinhas de Internet, longnecks, uma olhada panorâmica pela varanda, almoçar sozinho observando o movimento da rua, assistir a um jogo de futebol pela TV, ficar pensando no ônibus enquanto volta para casa, um beijo ao abrir a porta... cada fragmento da vida é importante para construção, desconstrução e reconstrução do todo; cada fragmento foi e está sendo importante para a composição de "Cacos", o novo trabalho d'O Grosso da Bossa.

"Primavera Diferente", o primeiro estilhaço deste álbum, já está disponível para degustação em www.myspace.com/ogrossodabossa

Ouça, é seu.

A Genealogia do Homem-Árvore

A causa primeira da primeira coisa
O homem sem o nome e o sobrenome
Origem mesmo da palavra “origem”
A coisa cuja sede é de outra fonte

É primitivo e também evolução
A fome e própria saciação
É vida, mas também seu guardião
Um sábio e ignorado velho monge

Habitante do profundo verde escuro
Filho do rei Sol com a pobre Terra
É vida equivalente a muitas eras
A curta história do homem é seu minuto

De mãos dadas à nossa árvore genealógica
Sob os olhos do avô do conhecimento
Passeia em paz o nosso ent querido
Cuidando de quem só lhe traz aborrecimentos

Ass.: Márcio B. S.

[galhos]



[galhos por gustavo daher]

É, palavras... (ler esta frase em tom irônico)

não fale agora
melhor só pensar
seu mundo explorar
as palavras quando ditas acobertam o pensamento

aviso aos navegantes...


a tripulaçao do blog galhosnet e interessados:

o espaço esta aberto para receber criaçoes artisticas multiplicadoras e rizomaticas, desligadas de parametros convencionais: textos, poesias, cronicas, imagens, desenhos, fotos, videos, noticias (proprias), multimidias, links de sites, etc...

todos estao convidados a participar a vontade, a ideia eh que se estabeleça uma rede de arte aberta a diferentes vertentes, espero que todos participem, nao pretendo fazer do blog um espaço para um unico artista ou uma unica visao de arte, mas sim multiplas e diferentes visoes e para isso conto com a colaboraçao de todos!

ideias, criticas e colaboracoes para o blog ou para o site sao bem-vindas para criarmos em conjunto, se tiver alguma sugestao para alterar modelo de pagina, alterar links no menu da esquerda ou outras configuraçoes de layout envie para o email falecom@galhos.net , e se quiserem convidar outros amigos, artistas ou cohecidos, enviem o email que envio o convite.

Bomba relógio

Eu não sei quanto tempo fazia
não pegava no meu violão
não fazia mais a poesia
dedicando-me ao amor e à razão

Não paro mais em casa, cumpadi
mas faço tudo por liberdade
e o tempo me dizendo o que é
o querer e o poder

O tempo me controla as vontades
Me movo ao toque da sociedade
tecido por supostas verdades
pra crescer e vencer

Mas se a vida inteira eu vivo preso a essa bomba
Paz é um facínio que eu nunca vou viver pra conhecer
Mas se eu não viver a vida a levar vento em popa
Não terei mais tempo de cantar e sorrir para você

O Grosso da Bossa

textos rizomas...

não há programas de vida
cada ser se constrói e acontece na prática
e as coisas vão se fazer, fazendo..
estabelecendo conexões entre pessoas e objetos
e conexões entre pessoa-consigo-mesmo


criação de novos meios de
subjetivação

o caminho da sabedoria é o excesso
(william blake)

o devir é algo inacabado,
sempre em curso,
sempre está 'entre'


c
ada um de nós somos vários
há o que nos aproxima de mais próximo e de mais distante
não somos somente nós mesmos mas fomos alterados,
esticados, aspirados, corroídos, multiplicados, ...

tudo isso é fluído e energia
a doença é o aprisionamento, a parada de processos

somos um grau de potência,
definido por nosso poder de afetar e de ser afetado,
e não sabemos o quanto podemos afetar e ser afetados,
é sempre uma questão de experimentação

aos poucos vamos apreendendo a selecionar
o que convém ao nosso corpo e o que não convém
o que com ele se compõe, o que tende a decompô-lo
o que aumenta a força de existir, o que a diminui
o que aumenta a potência de agir, o que a diminui